ATA DA QUADRAGÉSIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 15.05.1989.

 


Aos quinze dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Quadragésima Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa, Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Gert Schinke, Giovani Gregol, Heriberto Back, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, João Motta, José Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos e Wilton Araújo. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente solicitou ao Ver. Luiz Machado que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. Após, o Sr. Secretário procedeu à leitura da Ata da Trigésima Nona Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Artur Zanella, 02 Pedidos de Informações; pelo Ver. Cyro Martini, 06 Pedidos de Providências; pelo Ver. Dilamar Machado, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 49/89 (proc. 1320/89); pelo Ver. Ervino Besson, 05 Pedidos de Providências; pelo Ver. José Valdir, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Luiz Machado, 01 Emenda ao Projeto de Lei do Legislativo nº 41/89 (proc. 1236/89); pelo Ver. Vicente Dutra, 01 Indicação; e pelo Ver. Vieira da Cunha, 01 Pedido de Providências. Do EXPEDIENTE constou Circular s/nº do Deputado Valdomiro Lima, Líder da Bancada do PDT na Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram os seguintes Projetos: em 1ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 27, 35, 43, e 40/89, este, discutido pelo Ver. Luiz Machado; Projetos de Lei do Executivo nºs 14, 15 e 16/89, todos eles discutidos pelo Ver. Dilamar Machado; em 2ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 37, 38, 39 e 41/89, este, discutido pelo Ver. Luiz Machado; Substitutivo nºs 01 e 02 ao Projeto de Lei do Legislativo nº 115/82; e em 3ª Sessão, Projetos de Lei do Legislativo nºs 33, 34, 29 e 30/89, este discutido pelo Ver. Luiz Machado. Após, constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Na ocasião, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Artur Zanella, solicitando alteração na ordem de votação dos processos e o Sr. Presidente registrou a presença, na Casa, de professora e alunas do Instituto de Educação. Em Discussão Geral e Votação foi aprovado o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/89, por dezenove votos SIM e cinco ABSTENÇÕES, e a Emenda de Líder a ele aposta, por vinte votos SIM e cinco ABSTENÇÕES, tendo sido, Projeto e Emenda, discutidos pelos Vereadores Omar Ferri, Artur Zanella, Dilamar Machado, Luiz Braz, Elói Guimarães, Cyro Martini, Vicente Dutra, João Dib e Clóvis Brum, encaminhados à votação pelos Vereadores Adroaldo Correa, Luiz Braz e Artur Zanella e submetidos à votação nominal a Requerimento verbal, aprovado, do Ver. Luiz Braz. Em Discussão Geral e Votação foi rejeitado o Projeto de Lei do Executivo nº 40/88, após ter sido discutido pelo Ver. Artur Zanella. Em Discussão Geral e votação foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 09/89. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Voto de Congratulações com Maria de Lourdes Lessa, pelo destaque da disputa do 39º Campeonato Aberto de Porto Alegre Country Club, Chase Classic; do Ver. Décio Schauren, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 09/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data; do Ver. Dilamar Machado, solicitando que os Projetos de Lei do Executivo nºs 15; 16/89 sejam considerados em regime de urgência e submetidos à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Finanças e Orçamento e de Urbanização, Transportes e Habitação; solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 14/89 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Finanças e Orçamento, de Urbanização, Transportes e Habitação e de Saúde e Meio Ambiente; do Ver. Vicente Dutra, de Votos de Congratulações com o Clube de Mães 14 de Maio; com o 11º Batalhão de Polícia Militar de Porto Alegre, pela passagem de seus aniversários; do Ver. Valdir Fraga, de Voto de Congratulações com o Clube de Mães Dr. Oscar Tollens, pela passagem de seu Jubileu de Prata; do Ver. Artur Zanella, solicitando que o Projeto de Lei do Legislativo nº 16/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Também, o Ver. Artur Zanella solicitou que a Comissão de Justiça e Redação da Casa acompanhe os julgamentos do Sr. Edílio Macedo, que foi Suplente da Casa, e do acusado pelo assassinato do ex-Ver. Antônio Cândido. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Décio Schauren discorreu acerca da explosão, em Volta Redonda, de monumento em memória de trabalhadores mortos durante greve na Cia. Siderúrgica Nacional. Comentou declarações do Ministro Leônidas Ribas, a respeito, atentando para o significado de atos como esse dentro do atual quadro político brasileiro. Criticou a Medida Provisória nº 50, do Governo Federal, questionando o sentido da expressão “democracia” utilizada em um país onde impera a repressão e o arrocho salarial. Convidou os presentes para Ato a ser realizado dia 18 do corrente, na Esquina Democrática, integrante da Campanha “SOS Democracia”. Durante os trabalhos, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. João Dib, acerca da necessidade de que os Vereadores da tribuna, em período de Ordem do Dia, atenham-se ao projeto em discussão. Às dezessete horas e treze minutos, constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para Sessão Extraordinária a ser realizada a seguir. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Valdir Fraga, Wilton Araújo e Adroaldo Correa e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Wilton Araújo. Do que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Estão abertos os trabalhos da presente Sessão.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Peço a palavra, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exª está com a palavra.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento. Solicito a inversão na ordem dos trabalhos, iniciando pela Pauta.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

A seguir, passa-se à

 

PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

1ª SESSÃO

 

PROC. Nº 0973/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que altera dispositivos da Lei nº 4012, de 27 de agosto de 1975, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1360/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 016/89, que adapta o Plano de Carreira dos Funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana aos dispositivos da Lei nº 6309, de 28.12.1988, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1197/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 035/89, de autoria do Ver. Wilson Santos, que autoriza o Executivo Municipal a criar o Serviço de Prevenção de Uso de Tóxicos e Recuperação dos Dependentes de Drogas na Secretaria Municipal de Saúde e Serviço Social – SMSSS, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1235/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 040/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que dispõe sobre a inclusão do curso de “Relações Humanas” nas 8ªs séries do 1ª grau das escolas municipais e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1247/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 043/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que dispõe sobre a proibição do emprego da roleta especial mecânica nos táxis-lotação e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1322/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 014/89, que adapta o Plano Classificado de Cargos dos funcionários do Departamento Municipal de Água e Esgotos aos dispositivos da Lei nº 6309, de 28.12.1988, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1359/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 015/89, que adapta o Plano de Carreira dos Funcionários do Departamento Municipal de Habitação aos dispositivos da Lei nº 6309, de 28.12.1988, e dá outras providências.

2ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1212/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 038/89, de autoria do Ver. Nelson Castan, que estabelece a isenção do pagamento das tarifas de transporte coletivo do Município de Porto Alegre aos excepcionais e seus acompanhantes, cadastrados pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Porto Alegre – APAE/POA, aos menores “carentes”, matriculados ou vinculados à Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor, FEBEM, e ao Movimento Assistencial de Porto Alegre, MAPA, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1213/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 039/89, de autoria do Ver. Nelson Castan, que estabelece a isenção do pagamento das tarifas de transporte coletivo do Município de Porto Alegre a todos os motoristas, fiscais, cobradores e demais funcionários das empresas permissionárias do transporte coletivo e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1236/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 041/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que dispõe sobre a obrigatoriedade da apresentação de “Atestado Médico” para os competidores de maratonas, meias-maratonas e corridas de rua em geral, e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1305/82 – SUBSTITUTIVO Nº 01, de autoria do Ver. Cyro Martini, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/82, de autoria do Ver. Vicente Dutra, que dispõe sobre a colocação de ondulações transversais às vias públicas diante dos estabelecimentos de ensino e assemelhados e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1305/82 – SUBSTITUTIVO Nº 02, de autoria do Ver. Edi Morelli, ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 115/82, de autoria do Ver. Vicente Dutra, que fixa a obrigatoriedade da implantação de redutores de velocidade (ondulações transversais com sonorizador), faixas de segurança e sinalização complementares nas proximidades das escolas de 1º e 2º graus e dá outras providências.

 

PROC. Nº 1211/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 037/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que declara de utilidade pública a Associação dos Moradores da Vila Restinga, AMOVIR.

 

3ª SESSÃO

 

PROC. Nº 1132/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 033/89, de autoria do Ver. Dilamar Machado, que institui o 3º turno de atendimento em unidades sanitárias da Secretaria Municipal da Saúde e Serviço Social.

 

PROC. Nº 1149/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 034/89, de autoria do Ver. Ervino Besson, que dá nova redação aos artigos 1º e 2º da Lei Municipal nº 5624, de 18 de setembro de 1985.

 

PROC. Nº 1056/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 029/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que denomina Rua Maurilio Ferreira um logradouro público.

 

PROC. Nº 1076/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 030/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que dispõe sobre a inclusão da matéria “dos direitos e garantias fundamentais do cidadão”, art. 5º ao art. 17, da Constituição Federal, como ensino obrigatório na disciplina de Organização Social e Política Brasileira (OSPB), nas escolas municipais de 1º e 2º graus.

 

O SR. PRESIDENTE: Primeiro orador inscrito em Pauta é o Ver. Dilamar Machado. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estão, hoje, em primeiro dia de Pauta, nesta Casa, três projetos, entre outros, de origem do Executivo Municipal, que visam a adequar o Plano de Carreira do Departamento Municipal de Água e Esgoto, do Departamento Municipal de Habitação e do Departamento Municipal de Limpeza Urbana ao Plano de Carreira geral da Centralizada, aprovado por esta Casa, ao final da última Legislatura.

Na realidade, os funcionários do DMAE que representam para esta adequação cerca de 80% dos funcionários a serem beneficiados, mais os funcionários do DEMHAB e do DMLU, estão desde janeiro deste ano aguardando a solução através do envio, por parte do Executivo, dos projetos e da votação desta Casa para que possa a Administração Municipal adequar a situação desses funcionários ao Plano de Carreira.

Por essa razão já encaminhei à Mesa, com a aprovação, praticamente, de todas as Lideranças da Casa com quem conversei, inclusive a Liderança do PDT, do PMDB, do PTB, do PT, através do seu Vice-Líder, Ver. João Motta; embora não tendo conversado com o Ver. Artur Zanella e com o Ver. João Dib, acredito que com a aprovação integral das Bancadas do PFL e dos PDS, em primeiro lugar para que aprovemos hoje regime de urgência com parecer conjunto das quatro Comissões, através de um relator a ser designado pelo Presidente da Casa, primeiro para corrigir esta distorção. Aprovada a urgência, teríamos possibilidade de ainda no decorrer desta semana, no máximo sexta-feira, votarmos e, obviamente, aprovarmos estes três Projetos do Executivo para que já nesta folha do mês de maio os funcionários tenham os seus direitos consagrados, inclusive com a retroatividade que a própria Lei prevê a 1º de janeiro de 1989.

Era este o encaminhamento que eu tinha a fazer, Sr. Presidente, alertando a Casa. Já recebo da Bancada do PDS, através do Ver. Dib, a aprovação que acredito será geral da Casa. E vamos todos nos empenharmos para que nestes próximos quatro, cinco dias, com as diligências que a Mesa vem tomando, colocarmos, se possível, no mais tardar sexta-feira, em votação os Projetos, aprová-los e possibilitar ao Executivo as providências necessárias a suprir na folha de maio as diferenças que fazem jus os funcionários do DMAE, DEMHAB e do DMLU.

Era esse o encaminhamento que tinha a fazer. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Clóvis Brum. Desiste. Ver. Adroaldo Corrêa. Desiste.

Então, com a palavra, o Ver. Luiz Machado.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, falo, hoje, sobre o Projeto de Lei nº 030/89, Processo nº 1076/89 que dispõe sobre a inclusão da matéria dos Direitos e Garantias Fundamentais do Cidadão. O art. 5º ao 17º da Constituição Federal como ensino obrigatório na disciplina de Organização Social Política Brasileira – OSPB – nas escolas municipais de 1º e 2º graus.

Tem por objetivo que nossos jovens e crianças tenham conhecimento desse trecho da Constituição Federal, pois, hoje, já recebem nas escolas apenas o ensino superficial dessa matéria. E o que esperamos com esse Projeto? Que seja aperfeiçoado o ensino dessa matéria. Sabemos que da Lei nº 6383, mas, mesmo assim, quando estiver sendo aplicada a Lei, não vai invalidar este Projeto, pois Direitos Humanos, Constituição Federal são capítulos importantes e extensos que deveriam ser amplamente discutidos e debatidos nas escolas. Várias vezes mencionei que, por ser homem da periferia, sentimos dentro do seio da nossa comunidade pobre a necessidade de conhecimento mais profundo da Organização Constitucional deste País.

Isto é um Projeto para aperfeiçoamento de nosso jovem, do adolescente que ao completar o 2º grau muitas vezes não tem ali recebido matéria dos Direitos Fundamentais do Cidadão e nós temos que preparar as nossas crianças, os nossos jovens, pois a maioria dos brasileiros sai da escola no 1º grau, não consegue, sequer, o 2º grau.

Portanto, a nossa preocupação é que todo o brasileiro possa aprender os direitos fundamentais do cidadão, no currículo escolar. Por isso é o nosso objetivo no Projeto de Lei nº 030/89, para que ele seja votado no futuro nesta Casa, e tenha nesse Projeto amplitude de conhecimento para o nosso adolescente e o nosso jovem, para que os brasileiros que chegam somente ao 1º grau possam conhecer os direitos fundamentais e garantias do nosso cidadão, que está explícito na nossa Constituição, mas que não é matéria, hoje, dada às nossas crianças no cotidiano escolar. Existe na Constituição, mas não é dada aos nossos alunos, ministrada aos nossos jovens.

Também vou falar num Projeto que encaminhamos a esta Casa que fala sobre as maratonas em Porto Alegre. É sabido que qualquer trabalhador nesta grande maratona que Porto Alegre já é sede, onde há poucos dias vimos mais uma em frente ao jornal Zero Hora, onde os trabalhadores se inscrevem para participar. E nós, preocupados, porque muitos nos alertaram que não está sendo exigido nada ao trabalhador para se inscrever e fazer o seu esporte, achamos por bem de fazer um projeto que venha obrigar que todos apresentem atestado médico, ou qualquer cidadão que participar destas corridas que apresente atestado médico. Pois não queremos que no futuro haja problemas, pois uma pessoa pode sofrer de alguma doença e não saber, e portanto participar desta maratona, e vir a ser um desastre para a família que pode perder um ente seu.

Portanto, o nosso Projeto visa a preservar a saúde do esportista em geral.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Machado, tem três Projetos de V. Exª, um que declara de utilidade pública a Amovir. E já que V. Exª fala sobre o menor, gostaria que juntos fizéssemos o que já conversamos fora, pedido de uma Comissão Externa para examinar a questão das creches da Vila Restinga que já foi tratado diversas vezes da tribuna por V. Exª, por mim, pelo Morelli e que estão sendo fechadas mesmo, para verificar esta situação.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o aparte de V. Exª que só veio engrandecer o meu pronunciamento.

A Restinga hoje está praticamente isolada da participação e do entendimento entre Poder Executivo, a Prefeitura e as nossas creches e nossas crianças. As nossas crianças são jogadas como um objeto qualquer e não com a responsabilidade devida dos órgãos competentes. As nossas creches são consideradas em segundo plano, tanto para as administrações passadas, como para a atual, porque esse problema de faltar tia nas creches para cuidar das crianças não é de hoje, é antigo. As creches na Vila Restinga foram construídas para atender duzentas crianças e nunca passou de oitenta, cento e vinte porque não tem tias e monitoras. Quem é responsável por tudo isto?

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aqui em Plenário se encontra uma comissão de moradores da Restinga que estiveram na rádio hoje, pela manhã, e estão reivindicando aquilo que é de direito deles que é o funcionamento normal das creches que estão fechando, a exemplo da creche da Mapa, a exemplo do CIEM da Vila Elizabeth, denúncia da Verª Letícia Arruda de que a comida está estragando e não dão merenda.

 

O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o aparte.

Não adianta os Vereadores na Câmara fazer leis se elas são deixadas de lado e não cumpridas. Nós somos cidadãos eleitos de Porto Alegre para fazermos leis e fazer com que o Executivo cumpra as mesmas. Sem isso não adianta nós trabalharmos na Cidade, termos um cargo eletivo na mão se não fizermos cumprirem as leis que já existem. Creches, na nossa Restinga, existem quatro, porém funcionando, com precariedade, duas. Então, isso é profundamente lamentável, e eu tenho certeza de que o Prefeito vai ouvir esta Comissão, sugerida pelo Ver. Artur Zanella, e nós vamos batalhar e vamos dar um basta nisso aí, porque confio no entendimento da Câmara de Vereadores, confio nestas Bancadas que aqui estão presentes. E todos são unânimes em defender primeiro a criança, primeiro a periferia, porque a nossa Cidade está um pouco desumana em termos de administração pública para a nossa periferia. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella deseja fazer um Requerimento.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Requerimento): Tendo em vista que o Projeto de Lei do Legislativo tem algumas divergências, gostaria de fazer um Requerimento propondo a inversão das discussões e votação do PLE nº 040/88.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Havendo “quorum”, passaremos para a

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0819/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 016/89, de autoria do Ver. Artur Zanella, que denomina Rua Tarso Galvão Bueno Filho um logradouro público.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Elói Guimarães: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Nelson Castan: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 016/89. (Pausa.) Para discussão, com a palavra, o Ver. Omar Ferri.

 

O SR. OMAR FERRI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o meu objetivo nesta tribuna, em primeiro lugar é não fazer oposição a nenhum Vereador desta Casa, de modo especial ao Ver. Artur Zanella que é quem apresenta este Projeto de Lei, como também eu quero deixar claro que não estou-me posicionando contra esta família enlutada, nem contra nada que pudesse desmerecer uma posição digamos assim de ordem pessoal. Eu até diria, não apenas de ordem pessoal, como também de foro íntimo. É que eu não vejo condições de este Projeto de Lei ser aprovado. Não vou votar pela sua aprovação. Nenhum demérito à família e nem a esta criança que infelizmente faleceu em virtude de um acidente de automóvel.

É que eu estive vendo, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, aquelas duas leis aprovadas por esta Casa, que permitem a aprovação de Votos de Cidadão Emérito da Capital. É uma lei que houve depois uma alteração, por isso é que eu falei em duas leis. E num dos artigos desta Lei ficou consignado com toda a clareza mais ou menos as seguintes expressões: “Que a Câmara de Vereadores atendendo as qualidades, os dotes morais, intelectuais e públicos e o passado de lutas de uma pessoa, no sentido cultural, no sentido social, no sentido administrativo, no sentido político, no sentido industrial, no sentido comercial, comunitário, então, a Casa, atendendo todos estes predicados aprova a concessão do título emérito de Cidadão de Porto Alegre. É bem verdade que por fisiologismo e por demagogia muitas vezes alguns Vereadores até concederam alguns títulos a uns churrasqueiros que não tinham nenhuma destas tradições que a lei exige, mas estas são coisas do passado, são águas que já movimentaram os respectivos moinhos. Mas eu me referia a estas duas leis exatamente por que entendo que no sentido de paralelismo estas circunstâncias, ou estes requisitos, ou estas condições ou estas qualidades devessem também ser encontradas pelos Vereadores quando têm a intenção e o desejo de homenagear alguma pessoa emérita.

Na Exposição de Motivos o nobre Vereador que apresentou o Projeto de Lei apenas diz que este menino com cinco anos de idade teve a sua vida ceifada em plena via pública sendo mais uma vítima da violência que assola o trânsito da nossa Cidade.

Ora, digno Vereador, eu acho que em caráter de exclusividade só este motivo não justifica esta homenagem que a Câmara Municipal lhe prestará aprovando um Projeto de Lei que denomina uma rua com o seu nome, muito embora, este trânsito endiabrado e maluco, como acontece todos os dias tenha ceifado a vida de uma criança de cinco anos de idade.

Portanto, pediria um pouquinho de reflexão dos Srs. Vereadores. Nada, repito, contra o Ver. Zanella, quero deixar isto bem claro e repito também nada contra a família enlutada, absolutamente nada. É que se existia esta praxe temos que terminar com ela, não é mais possível que aquilo que a Lei exige de pessoa de renome, de trabalho, de dotes intelectuais e morais de repente a gente facilite aqui esta concessão de títulos. Para evitar que amanhã ou depois de amanhã um outro Vereador vá conceder um título a semelhança deste caso a qualquer pessoa, que não tem nenhum mérito em recebê-lo. Eu por mais que eu me indague eu não vejo mérito, não vejo razão, isto não é razoável e se não é razoável não é lógico, e se não é razoável e nem é lógico, também não é legal. E se não é razoável, nem lógico, nem legal, também não é ético.

Por isso prezado Zanella eu me permito a votar contrariamente a este Projeto de Lei, pedindo que os Senhores Vereadores atentem os fatos e os argumentos deduzidos desta tribuna, para que a Câmara não incida neste erro, que pela terceira vez digo, não tem por objetivo desmerecer a boa iniciativa ou a vontade do Ver. Artur Zanella em atender muitas vezes até desígnios de cárter pessoal. Muito obrigado.

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella, para discutir o PLL nº 016/89.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu nem pretendia fazer uso da palavra, eis que essa Casa já aprovou diversos projetos de praças e ruas com nomes de jovens e crianças. Eu me lembro o último, o Prefeito Alceu Collares encaminhou para Ipanema, de uma menina, exatamente cinco anos, que havia falecido e deixado a saudade em todos os que moravam lá perto, e aquilo servia para efetivamente fazer uma homenagem àquela criança que morre, sem deixar história, sim, mas que morre.

E eu usando exatamente as palavras do Ver. Omar Ferri, eu mantenho o Projeto, porque exatamente essa menina é um símbolo, assim como o Alex é um símbolo, nada fez, mas que é um símbolo de um menino que foi morto em Atlântida, assim como essa Casa homenageou uma pessoa que, lá nas Ferramentas Gerais, trabalhando entre um tiroteio, entre bandidos terminou morrendo; aquela rua foi colocada para lembrar que as pessoas que trabalham terminam às vezes morrendo porque ladrões invadiram o seu local de trabalho, assim como esse menino é um símbolo, é um símbolo sim, por que não, desse trânsito. E o único erro que tem o Projeto – o Ver. Isaac Ainhorn me colocou isso – ele não morreu em Porto Alegre, morreu numa outra Cidade, vindo para Porto Alegre, mas morreu estupidamente, junto com seu pai.

Existe uma gama imensa de pessoas que sente que uma vida foi ceifada como dessa menina que morreu aí na moto, que foi baleada; também não fez nada, mas deve ser lembrada como símbolo. E numa Cidade que tem Rua Primavera, Rua Vento Negro - até um Projeto do Ver. Vicente Dutra, que tinha Rua do Arvoredo, que tem uma série de ruas que não identifica nenhum comerciante, nenhum banqueiro, nem churrasqueiro. Imagino que o Ver. Omar Ferri esteja se referindo ao dono do restaurante do Parque da Harmonia que também morreu, que foi um Projeto do Presidente desta Casa, Gilberto Lastri – tem até nome de rua. Ele não era somente um churrasqueiro, ele não sabia somente fazer churrasco; ele trabalhava para o turismo desta Cidade. Foi uma pessoa que veio lá de baixo, era ajudante do ajudante do garçom, e conseguiu expandir pelo Rio, São Paulo o nome do Rio Grande do Sul. As excursões de turistas em Porto Alegre vão no Parque da Harmonia – e tinha a direção de Gilberto Lastri. Ele não era somente um churrasqueiro, era uma pessoa que amava Porto Alegre. E este jovem, evidentemente, ele é jovem, com 5 anos, ainda não é um comerciante, não é um churrasqueiro, não é uma autoridade, mas morreu no trânsito; morreu pela desídia de uma pessoa que estava dirigindo e abalroou o carro do seu genitor.

E é por isso, como lembrança, como um símbolo das crianças que não chegaram lá, de uma família que todos os anos coloca no jornal, com uma fotografia daquele jovem, para que outras crianças não morram também dessa maneira. Foi isso que me levou a propor o nome de uma rua lá na Vila Farrapos, não em uma avenida, mas na humilde Vila Farrapos, para um menino que poderia ser tudo isso que o Ver. Omar Ferri exige dos homenageados nesta Casa, só que não foi. Alguém abalroou o carro do seu pai, e ele morreu. Assim como o Ver. Vicente Dutra colocou esses dias, de um menino que passeava em Santa Catarina, em férias das suas aulas, quando foi atropelado por uma pessoa que tinha bebido, que apresentou testemunhas falsas e que, no final, teve o seu pai condenado a maior tempo de prisão do que a pessoa que o assassinou. Aquele jovem, Ver. Vicente Dutra, também merece uma rua em Porto Alegre; espero que V. Exª apresente o Projeto, como um símbolo de como as coisas devem ser feitas. Que os jovens e as crianças não devem morrer dessa forma!

Foi isso que me levou a esse Projeto, que me levou ao invés de botar o nome de uma rua, o toponímio geográfico – me lembrei da rua da Restinga que V. Exª nomeou de Vento Negro, Ver. Vicente Dutra, e de um série de outras – que assim como homenageiam alguma coisa, essa aqui homenageia o símbolo de um jovem que tinha tudo para ser alguém, mas não foi. Nesse trânsito caótico, onde muitas pessoas não respeitam sinalização, dirigem embriagadas, são irresponsáveis e matam crianças, acho que talvez ela, a criança, não tenha feito os atos que o Ver. Omar Ferri quer, mas que fique isso como uma mensagem, uma revolta desta Câmara, contra os fatos que elevam as mortes de crianças.

É isso que eu gostaria que a Câmara Municipal, hoje, homenageasse um símbolo, um símbolo de uma pessoa que morreu sem ter sido, que morreu jovem, mas que terá em Porto Alegre, na sua Cidade, a lembrança eterna daqueles que não chegaram lá, Ver. Omar Ferri, que não tiveram a ventura que V. Exª teve de ser um advogado, um vereador, mas que tentou, ia chegar e, infelizmente, morreu.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou acompanhando com atenção o discurso de V. Exª. Em primeiro lugar, não estou exigindo nada, até formulei um paralelismo com a Lei que concede títulos honoríficos. Em segundo lugar, quero dizer a V. Exª que a Casa tem cometido alguns crimes, algumas decisões paradoxais e contraditórias. Lembro um caso a V. Exª, e até vou apresentar um projeto de lei concedendo o título de Cidadão Emérito a esta pessoa. Lembro o caso – e toda a Casa está a par – num determinado ano, ainda desta década, se não estou equivocado, a Câmara de Vereadores de Porto Alegre negou o título de Cidadão ao Irmão José Otão.

Então, veja V. Exª, tenho algumas razões para tomar essa posição. Quero dizer a V. Exª que não exijo nada, não estou contra o discurso de V. Exª, não estou contra o Sr. Laste e nem sabia que foi o Presidente desta Casa que apresentou o Projeto de Lei, mas a Lei não prevê este requisito para a concessão de títulos da Cidadão de Porto Alegre nem para Cidadão Emérito. É isso que eu queria assinalar.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Não estou propondo o título de Cidadão Emérito para as pessoas. Em segundo lugar, a votação para o Irmão Otão foi uma clara demonstração que votaram contra a pessoa que apresentou o Projeto. Foi um problema político e acho que V. Exª faz bem em resgatar a lembrança do Irmão Otão.

 

O Sr. Leão de Medeiros: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Zanella, no momento em que V. Exª apresenta esse Projeto dando o nome de uma criança para uma rua da Cidade, mas usando essa criança como símbolo da violência do trânsito, me solidarizo com V. Exª. Eu gostaria de lembrar que são duzentas e vinte vítimas só na Grande Porto Alegre, vítimas fatais, por ano. Então, no momento em que V. Exª escolhe uma para simbolizar todas essas vítimas da violência, só me resta me solidarizar com V. Exª.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Muito obrigado pela sua posição e pelo seu voto favorável. Era isso, Sr. Presidente.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos, com muito prazer, a visita das alunas do Instituto de Educação e registramos, assim, o nosso abraço à Professora Estela Maris e dizer que será uma satisfação em recebê-las e nosso gabinete, onde o nosso Relações Públicas estará à disposição das senhoritas.

O Ver. Dilamar Machado é o próximo orador inscrito em Pauta e está com a palavra.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta Casa ou alguém em nome desta Casa ou do Poder Executivo denominou uma das principais avenidas de Porto Alegre, aliás eu diria, até, que hoje é uma das principais porque é de acesso à Cidade. Quem chega em Porto Alegre vindo pela Free Way entra direto na Av. Castelo Branco. Quem foi Castelo Branco senão o responsável direto pela alta traição cometida a um governo legalmente constituído, que culminou com o Golpe Militar de 1964? Não só traiu o Presidente João Goulart mas assumiu o poder ditatorialmente, o que desencadeou de lá para cá uma série de nefastas conseqüências para esta Nação que, hoje, se debate numa crise de identidade entre seus próprios cidadãos.

Não tenho muito a dizer, Ver. Artur Zanella, mas criei quatro filhos e já vi amigos meus, entre eles o Prefeito Collares, o Governador Simon, chorando ao lado do caixão de seus filhos-jovens mortos. Não acredito que haja nada na humanidade capaz de substituir a vida de uma criança morta, especialmente, de forma trágica, como morreu o filho do Collares, como morreu o filho do Simon, como morreu o filho do Tarso. Nada vai fazer com que a dor e a tristeza desapareçam daquele lar. Mas me parece que para um pai, para uma mãe, saber que seu pequenino filho de cinco foi lembrado pelo Legislativo de sua Cidade, para dar nome a uma rua, mesmo que na modesta Vila Dona Teodora, mesmo que num loteamento chamado Castelo Branco. Ainda assim, Ver. Artur Zanella, é um movimento que esta Casa faz até de alerta à violência no trânsito e eu tenho muitas dúvidas quanto a essas bagagens culturais, científicas, históricas, comerciais, industriais de algumas pessoas. Sou mais o menino Tarso que não conheci, morreu no trânsito, mas que merece o meu voto e digo a V. Exª, embora tenha consultado apenas o Líder Vieira da Cunha, eu tenho certeza absoluta do voto integral da Bancada do PDT para que a partir desta tarde aquela modesta rua que seria lá o Beco da Fumaça, o beco do mijo e o beco do não sei do quê, na Vila Dona Teodora, passe a ser Rua Tarso Galvão Bueno Filho.

 

O Sr. Isaac Ainhorn: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Da mesma forma, nobre Vereador, quero manifestar que vou votar favoravelmente a este Projeto da mesma forma que votarei favorável ao Projeto de Lei de autoria do Ver. Leão de Medeiros, que concede o nome de uma rua a um soldado da Brigada Militar que foi morto no desempenho da sua ação. São símbolos e esses símbolos, numa época de violência, devem ser lembrados.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Até por que a nossa sociedade, ela é feita majoritariamente por pessoas sem fama, sem dinheiro, sem casa para morar, sem emprego, sem salário digno; pessoas que ficam no anonimato dessa imensa multidão desprotegida que é a Nação Brasileira. Essa é a maioria do nosso povo.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu não quero me manifestar contrariamente ao Projeto do Ver. Zanella. Mas eu acho que se homenageia alguém por algo que se realizou pela nossa Cidade. E o menino Tarso Bueno não realizou nada. Acho que teríamos que encontrar uma fórmula para alertar as autoridades para que problemas como este não venham a ocorrer mais. Então, não se homenagearia um menino “identificadamente”, mas, sim, uma solução que se propusesse para que isto não venha a ocorrer novamente. Mas, de qualquer forma, vou abster-me de votar porque não acho que o menino, tendo sido vítima do trânsito, tenha realizado algo pela Cidade. Nós estamos deturpando as homenagens que se prestam nesta Casa em razão da seqüência de títulos que estão sendo outorgados, esquecendo, às vezes, que para um Mário Quintana não foi dado o título de Cidadão Emérito.

 

O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sinceramente estou confuso porque só quero consultar se está sendo concedido um título honorífico de Cidadão Emérito ao menino Tarso ou simplesmente o nome numa rua em que irá uma placa identificando, para orientação do povo, assim como tem o número nas casas? É só essa a minha dúvida, Sr. Presidente.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para lembrar o Ver. João Antônio Dib que, inclusive, pedi o desarquivamento do Projeto que dava o título de Cidadão Emérito ao poeta Mário Quintana, mas a Auditoria da Casa não permitiu porque o poeta já tinha o título de Cidadão de Porto Alegre que era hierarquicamente superior. Então como ele já tinha um hierarquicamente superior ele não deveria receber o que tinha menos. Então foi isso que levou a Casa a não votar. Foi uma orientação da Auditoria na época.

 

O Sr. Wilton Araújo: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) É para introduzir no pronunciamento de V. Exª, excelente por sinal, uma informação quanto à Avenida Castelo Branco, se não me falha à memória essa avenida sequer teve a sua denominação aprovada por esta Casa. Foi simplesmente, devido aos fatos da época e circunstâncias políticas repressoras, colocada uma placa lá, onde está até hoje, agora consagrada, Avenida Castelo Branco, mas sequer passou por esta Casa. Então, muitas vozes que hoje se levantam para não aprovar ou até se abster num Projeto de relevância para a Cidade e um símbolo muito bem lembrado pelo Ver. Zanella, naquela época colocaram, sem lei nenhuma.

 

O SR. DILAMAR MACHADO: Agradeço o aparte do Ver. Wilton Araújo, até fica uma sugestão para que um Vereador desta Casa encaminhe quem sabe um nome oficial à avenida que de fato se chama Av. Castelo Branco, se é correta a informação que o Vereador nos traz, e acho que sim pois é um Vereador atento. Mas, nós temos Estrada Médici, Colégio Costa e Silva, Conjunto Residencial Costa e Silva.

E pergunto aos Vereadores que mandam contra o menino: o que eles fizeram por Porto Alegre? O que fizeram pelo povo dessa Cidade e desse País, a não ser jogá-lo nesta crise que a Nação se encontra?

Vereador Zanella, votamos, nós do PDT, com o Projeto de V. Exª, com a consciência tranqüila de que, ao aprová-lo, estaremos cometendo um ato de dignidade humana, porque lembrar o nome de uma criança é um fato quase inédito, é lindo do ponto de vista humano. E a mim, como pai, como ser humano, me custa a acreditar que alguém erga a sua voz para mandar contra uma iniciativa tão bela, tão humana e tão justa como esta de V. Exª. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Luiz Braz.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acredito que este Projeto serve para trazer à tona uma discussão, Ver. Omar Ferri, que V. Exª levanta, mas que acredito que deva ter um outro endereçamento. Até solicitaria a V. Exª, homem de sensibilidade, que atentasse para o fato que a família não pediu a homenagem. E sempre quando vamos votar aqui um título de Cidadão Emérito, ou vamos dar nome a uma rua, como acontece neste exato instante, quando o fato é ligado a uma homenagem direta a uma determinada família, e o Vereador Zanella faz questão de dizer que nem conhece a citada família, acredito que não devemos criar um constrangimento tão grande como foi causado. V. Exª citou tão bem, para o Irmão Otão, e numa determinada oportunidade para o craque Falcão, que teve seu título negado nesta Câmara, e depois a Câmara revisou o erro cometido.

Mas devo dizer a V. Exª, para os Srs. Vereadores, aqui nesta Casa, e para as senhoras e para os senhores que exatamente depois que os historiadores começaram a fazer uma revisão profunda na história do Brasil, de repente, quando olhamos para uma placa que está no alto de uma parede, ou que está nominando qualquer rua da cidade, devemos nos sentir corados. Devemos nos sentir, pelo menos em dúvida, se aquela homenagem que está sendo prestada com aquela placa é real ou não. Se deveria ter sido prestada.

Eu digo, por exemplo, que um cineasta, no ano passado, lançou um filme sobre a Guerra do Paraguai e neste filme faz uma revisão dos personagens históricos. Uma das personagens históricas que ele faz referência é sobre Honório Lemos, que é considerado, por todos os rio-grandenses e brasileiros, como uma figura mais valente que existiu aqui neste torrão. E este cineasta coloca Honório Lemos como uma figura covarde, que acabou fugindo na Guerra da Paraguai.

Outra revisão e vamos encontrar nominando uma das ruas da nossa Cidade o nome de Visconde de Barbacena e aí vamos dar uma passada de olhos naquele livro: “Brasil Colônia de Banqueiros” e vamos notar que o Visconde de Barbacena foi o primeiro homem no Brasil a ajudar a formar a dívida externa brasileira, porque era ele que ia lá fora buscar dinheiro do Banco Rothschild. Isso é contado no livro “Brasil, Colônia de Banqueiros”.

E nós vamos, olhando os nomes que nominam as ruas de nossa Cidade, percebendo que nós deveríamos nos preocupar aqui, nesta Casa, de fazer uma revisão nestes nomes, mas não no nome de uma criança, que como V. Exª, Ver. João Dib, coloca, que nada fez por esta Cidade. Mas, se não fez bem, mal também não fez e o Ver. Zanella coloca como símbolo. Agora, o que deveríamos fazer era uma revisão nesses nomes que se não fizeram bem, fizeram mal. E o Ver. Dilamar Machado coloca alguns nomes, inclusive da atualidade, nomes que participaram do governo da ditadura e que proliferam, não apenas em ruas, como, também, em alguns monumentos em nossa Cidade. E nós aceitamos isso com a máxima tranqüilidade.

 

O Sr. Edi Morelli: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) No dia 8, próximo passado - e nós temos um médico na Bancada do PDS -, Gabriela Pires Maciel, um ano e nove meses, foi morta no Hospital Parque Belém por negligência de uma enfermeira. Este é outro crime que acontece contra a criança e que nós devemos alertar. Os pais desta criança estão presentes aqui. E vou fazer este relato no tempo que me é concedido, no Grande Expediente, para que a Comissão de Saúde da Casa encaminhe a quem de direito, porque alguém tem que pagar por esta morte.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Imaginem V. Exªs a dor que sentiu a família do pequeno Tarso Galvão Bueno Filho quando do seu falecimento. Imaginem que a família teve um certo alento quando, de repente, ouviu talvez através de alguém ou do Ver. Artur Zanella, que uma homenagem iria ser prestada a esta criança, não porque ela fez alguma coisa pela Cidade, mas porque ela serve de símbolo para esta violência que se instalou no trânsito desta Cidade. Imaginem, V. Exªs que este Plenário, negando esta homenagem, votando contra o nome do Tarso Galvão Bueno Filho estará causando uma segunda dor a esta família.

Eu digo a V. Exªs que, se o nome do pequeno Tarso não pode nominar uma das ruas desta Cidade, porque ele nada fez por Porto Alegre, uma vez que tinha apenas cinco anos de idade, a metade dos nomes que nominam as ruas de Porto Alegre também tem que ser retirados de lá, porque também nada fizeram por Porto Alegre. Atentem bem para as pessoas que estão com seus nomes nas principais avenidas desta Cidade, e os senhores verão que, metade desses nomes teria que ser retirada, porque não merecem a homenagem que tentam prestar para eles.

Permito um aparte ao Ver. Omar Ferri, e aproveito para dizer a V. Exª que seu discurso foi de muita importância, mas peço que faça uma revisão na sua primeira conclusão, quando disse que não votaria favorável ao Projeto do Ver. Zanella, e reafirmo que esta família estará sentindo uma segunda dor com o voto negativo de V. Exª.

 

O Sr. Omar Ferri: Em primeiro lugar, Vereador, quero deixar claro que não sou contra a família, nem estou me posicionando contra a boa intenção do Ver. Zanella. Agora, aqui, na Exposição de Motivos, não consta que ele é o símbolo, porque me parece, pelas informações trazidas à Casa, este fato não ocorreu aqui no Município de Porto Alegre. Agora, eu concordo com V. Exª no sentido de que, possivelmente, se se fizesse uma revisão de todas as denominações das ruas do Município de Porto Alegre, talvez, metade delas, não sei, e V. Exª é quem diz, e acho que tenho que concordar, não mereceria a homenagem. Então, diria o seguinte: um erro, prezado Vereador, não justifica outro erro.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Quanto aos nomes, e V. Exª também coloca muito bem, que não deveriam estar denominando as ruas de nossa Cidade, são nomes que, além de não terem feito nada pela Cidade, muitas vezes causaram mal a esta Cidade, e deveriam ser retirados de lá. Acho que esta deveria ser uma batalha desta Câmara Municipal. Agora, o que fez de mal para esta Cidade o pequeno Tarso? O que esta Cidade sentiu de mal nos cinco anos de vida do pequeno Tarso?

Concedo um aparte ao Ver. Artur Zanella.

 

O Sr. Artur Zanella: Em primeiro lugar, gostaria de pedir escusas ao Presidente, por haver solicitado a inversão do Projeto, mas é que não imaginava que houvesse uma discussão tão grande, e, em segundo lugar, lembrar ao Ver. Luiz Braz, e à Casa, que esse fato de que a morte se deu quando a pessoa vinha a Porto Alegre, quem colocou fui eu, da tribuna, que ele vinha para Porto Alegre, o que me parece não alterar em nada, a morte continua bem documentada.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Para encerrar, Sr. Presidente, lembro que, em 1986, o Ver. Valneri Antunes colocava nesta Casa um Projeto para denominar uma rua desta Cidade com o nome do Doge, exatamente para simbolizar a violência. E eu digo que naquela época estava disposto a votar favorável, como se o Projeto for desarquivado eu vou votar favoravelmente. Voto favoravelmente pelas exposições que foram feitas, como a do Ver. Omar Ferri e pelo que a gente conhece a respeito do episódio Doge. Não votaria, contrariamente, a nenhum nome proposto aqui, nesta Casa, até que me comprovassem que esta pessoa tivesse durante a sua existência realizado algum mal para a cidade de Porto Alegre. Não é o caso do pequeno Tarso. Sou grato.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se nós procedermos a uma análise técnica, nós vamos concordar que o Ver. Omar Ferri tem razão. As leis e as normas que estabelecem as condições para a concessão do nome a um logradouro público, estabelecem pressupostos. E dentre estes pressupostos, evidentemente, não se pode, tecnicamente, enquadrar o menino que foi, lamentavelmente, dizimado pela violência.

Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós estamos diante do quadro humano. Nós estamos diante da tragédia. E é exatamente nestes momentos em que nós, diante do quadro procuramos buscar um fundamento para a sustentação denominar-se nome de rua a alguém que não reúne os pressupostos necessários do ponto de vista técnico, do ponto de vista legal para a concessão. E aí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, me ocorre uma falha na Lei, há uma lacuna nas disposições que estabelecem a forma para a concessão do que se pretende no presente processo. Se examinarmos as leis que versam sobre a matéria, vamos ver que, a não ser em situações excepcionalíssimas, que não é o caso, é difícil reunir em uma criança de cinco anos as pré-condições para ter o seu nome como nome de rua.

Mas eu pergunto, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há igualdade perante a lei? A questão torna imprescindível que se faça uma reflexão: a igualdade do ser humano perante a lei. Se nós analisarmos sob este aspecto, vamos ver que as disposições que estabelecem os pressupostos para se receber, no caso para se dar o nome de rua, seria uma norma inconstitucional, ou seja, os pré-requisitos não contemplam situações como o do presente caso.

Por outro lado fica também uma colocação que me parece oportuna: qual seria o preço da decisão da Casa pela recusa diante da tragédia? É bom que se diga e nós aqui, na Câmara Municipal de Porto Alegre, muitas vezes atropelamos as normas, atropelamos, em nome da legitimidade que possuímos a própria Lei, diante de situações como esta que o caso configura.

Como verá a população, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, da maneira como se coloca a ela a negativa de o nome de rua ao menino que foi vítima de uma enorme tragédia. Como será colocada, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a matéria em nível do conhecimento da opinião pública, porque tem se trabalhado e se constituído os valores em cima da versão, se andarmos hoje na rua, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é comum ouvir-se por exemplo: Oh! Vereador. O Vereador se aposenta com oito anos? É isso que se ouve nas ruas. E mais, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que o Vereador distribui carteirinhas para se entrar em jogos de futebol, essa é a versão hoje na rua, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é isso que se coloca hoje nas ruas.

Portanto, eu acredito que uma modificação se faz necessária, se proceda na lei porque no ponto de vista técnico, no ponto de vista jurídico tem plena razão, inteira razão, Ver. Omar Ferri, não reúne o menor daqueles pré-requisitos estabelecidos na Lei, mas que preço pagaríamos pela negativa diante da informação ao nível da opinião pública? Que preço pagaria a Casa pela negativa ao nível do conhecimento a valoração da opinião pública?

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu pedi, agora, à Diretoria Legislativa, que trouxesse por obséquio o Projeto de Lei aprovado ano passado, que dava a um logradouro o nome de uma menina que morreu de leucemia. Espero que venha aqui antes da votação, para ver V. Exª que esse assunto foi exaustivamente tratado e sempre se considerou adequado esse tipo de coisa, inclusive eu vou repetir novamente para uma cidade que dá o nome de Vento Negro, homenageando uma canção. Eu acho isso muito bonito, que dá o nome de Vento Negro, eu acho que não está fazendo nenhuma ilegalidade ao dar ao menino que morreu.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu sou grato a V. Exª, mas eu estou, Ver. Artur Zanella, não estou aqui encaminhando contrariamente a matéria, tanto é que na qualidade de Relator, na Comissão de Justiça, nós demos um Parecer favorável pelas considerações que estou sustentando aqui da tribuna. Se nós pegarmos todo material jurídico a respeito, nós vamos concluir que do ponto de vista frio, da análise da interpretação jurídica, não reúne os menores pressupostos para ter o nome de rua. Mas se nós fizermos uma análise mais abrangente e invocarmos um preceito – e aí, eu colocaria uma lacuna na Lei que estabelece os pressupostos para esse tipo de concessão – nós vamos ver que na medida em que a Lei estabelece determinados pressupostos, aquela igualdade perante a Lei fica prejudicada, na medida em que uma criança, ao completar cinco anos, não teve, por razões óbvias, as condições de poder ser ilustre.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª primeiro dá exemplos, depois, invoca o princípio da igualdade perante a Lei. Então, veja bem, V. Exª disse que aí por fora os Vereadores estão sendo conhecidos como Vereadores que recebem carteirinhas para livre ingresso, isto é, sem ônus para entrar nos estádios de futebol. Não é verdade?

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Os Vereadores distribuem carteirinhas para entrada em estádio de futebol.

 

O Sr. Omar Ferri: Mas os Vereadores receberam. Eu recebi uma carteirinha que não sei nem onde está, porque não fiz nem vou fazer uso dela. Agora, V. Exª também acrescentou que dizem, aí por fora, que os Vereadores se aposentam com oito anos. Mas, e se dizem, tem algum aspecto de realidade, porque a Lei prevê essa aposentadoria aos oito anos. Eu não seria capaz de informar a V. Exª se hoje - e até apelaria ao Ver. Zanella, que sabe tudo nesta Casa - existem Vereadores que se aposentaram ou estão se aposentando com oito anos, mas a verdade é que a Lei prevê essa hipótese. Portanto, o princípio da igualdade nesse caso de livre ingresso nos estádios, não está de pé, porque a igualdade seria a de todos, quer dizer, todos têm que pagar. E o princípio da igualdade na questão da aposentadoria também não está de pé porque neste País, pela Constituição, a gente só se aposenta proporcionalmente aos trinta anos, ou aposentadoria integral aos trinta e cinco anos. Muito obrigado.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas apenas citei, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esses dois casos apenas para demonstrar a dificuldade de se negar esta matéria sob a pena de a população em conhecendo a matéria de como ela vai ser informada, execrar esta Casa. Até este aspecto é um aspecto importante de oportunidade na salvaguarda dos interesses desta Casa. Negou-se o nome de rua a um pobre menino que aos cinco anos foi morto no trânsito, na cidade de Porto Alegre.

Fica aqui, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a nossa manifestação dizendo que vamos votar favorável pelas razões que invocamos, embora não poderíamos deixar de dizer, embora se bem examinados os fundamentos, frios, jurídicos e de forma científica, nós vamos ver que não há pré-requisito para a concessão desta denominação de rua. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é o Ver. Cyro Martini. V. Exª está com a palavra.

 

O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, traz-me a esta tribuna a motivação relativa à violência e à insegurança do tráfego nacional. Antes de tudo e sobre tudo. Não à proposição chega a ser a razão do meu acesso a esta tribuna. Sem dúvida o trânsito deve preocupar sobremaneira a todos nós. Nós tivemos o ano passado mais de cinqüenta mil mortes no trânsito nacional, e este ano a infortunística viária prevê um número ainda maior. Não estamos tratando, quando falamos a respeito da morte, da mutilação, do ferimento e do dano, no trânsito, de algo de somenos importância, estamos tratando de uma questão de alta significação.

Por isso, entendo que a proposta do Ver. Artur Zanella é de indiscutível seriedade e que deve ser levada em consideração, recebendo nossa aprovação. Se tivéssemos que chamar as ruas de Porto Alegre, os logradouros do Município de Porto Alegre, segundo as vítimas do trânsito somente desta Cidade, teríamos que aumentar o número de ruas, o número de vias públicas em nossa Cidade, eis que o número é elevado. Mas, esse menino de cinco anos, Tarso Galvão Bueno Filho, cuja família chora até hoje sua morte, é, repito, um símbolo da tragédia do trânsito, o símbolo da dor causada a uma família e que deve ter acolhida de nossa parte.

Por outro lado, quero dizer, nesta oportunidade, da minha contrariedade com relação ao critério da notabilidade para designar rua ou qualquer outro organismo, seja em Porto Alegre ou em qualquer outro lugar, caso contrário não teríamos, para aqueles que não participam das elites de qualquer ordem, oportunidade de um reconhecimento por parte desses Municípios ou dos seus coestaduanos. Então, no critério da notabilidade, o representante popular, como nós, deve ter um certo cuidado porque senão vamos desconhecer o mérito das pessoas cuja notabilidade não se caracterizou nas camadas da elite, seja de Porto Alegre ou de outra comunidade qualquer.

 

O Sr. Artur Zanella: Eu gostaria que V. Exª me desse um minuto somente. A Exposição de Motivos, do Prefeito Alceu Collares, pedindo uma Praça para a menina Márcia dizia o seguinte (Lê.):

“Márcia, desde pequena, tinha um predicado que sempre a acompanhou nos poucos anos de sua existência, sabia fazer amigos e conquistava com seu carinho e amizade o amor e o reconhecimento da comunidade. Além disso, a pequena Márcia amava a natureza, as plantas e os animais despertavam nela sentimentos de respeito e dedicação. Gravemente enferma veio a falecer no dia 5 de agosto de 1979 com apenas 15 anos.”

Esse Projeto foi aprovado por unanimidade pela Casa e é hoje uma praça com o nome de uma menina que não foi comerciante, nem churrasqueiro.

 

O SR. CYRO MARTINI: Eu agradeço o aparte de V. Exª que veio a enriquecer o meu pronunciamento, mas eu entendo que devemos ter cuidado com relação a este critério de notabilidade para denominar o que quer que seja, aqui no caso logradouro público.

Por essas razões, eu tenho certeza de que todos nós vamos votar favoravelmente, segundo a proposta do Ver. Artur Zanella e de outra parte quero aproveitar a oportunidade conquanto não seja matéria específica que tratada relativamente ao Projeto em discussão, mas como veio à baila a questão dos ingressos nos estádios eu quero, de plano, deixar claro o que nós não podemos confundir – muitos me chamaram atenção, especialmente colegas da organização da qual sou oriundo eles me alertaram para o fato de que eles não podem ser constrangidos quando forem realizar a sua missão em estádio de futebol. Os policiais civis também têm deveres a cumprir num estádio de futebol como têm em qualquer outro lugar de nosso Município, de nosso Estado, em qualquer lugar do nosso Estado ou outro local de espetáculo gratuito ou não. Então, não confundamos ingresso gratuito com ingresso obrigatório em razão do exercício da atividade específica: se o policial vai ao campo de futebol - o policial civil - vai com missão a cumprir.

Então, eu quero deixar bem claro. Não confundamos. E eu não vou admitir, na altura da minha capacidade, que o policial civil seja submetido a qualquer tipo de constrangimento na realização do seu trabalho lá quando ele tiver – embora o próximo jogo seja, justamente, daquele time pelo qual eu tenho um apreço todo especial, que é o Internacional. Mas mesmo assim nós não vamos permitir.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria novamente apoiar V. Exª para evitar algum mal entendido, eu li aquilo para apoiar V. Exª. E apóio V. Exª também neste aspecto dos policiais nos campos de futebol. E já disse isto ao Presidente do Conselho Deliberativo do Internacional, que toda essa animosidade contra Polícia Civil e contra a Brigada Militar poderá ter sérias conseqüências porque aquele soldado que estiver lá e que pagou, ele pode, no meio de um tumulto, dizer simplesmente: eu não estou a serviço. Eu paguei, não tenho por que me meter. Eu apóio novamente V. Exª como já apoiei naquele aparte.

 

O SR. CYRO MARTINI: Isto! E será uma situação, sob o ponto de vista moral eu não saberia nem raciocinar, porque sob o ponto de vista penal, e sem dúvida, ao negar-se de cumprir sua obrigação ele estará praticando o crime da prevaricação, deixar de fazer aquilo que é obrigação dele. Se há a prática de uma contravenção de um ato de desordem qualquer ou de um crime qualquer na sua frente ele é obrigado a providenciar. Mas agradeço a atenção dos senhores.

 

O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sr. Presidente, em debate a denominação de rua, eu até fui chamado a atenção no momento em que eu tentei falar em denominação e Título de Cidadão Emérito. Mas agora vejo que se fala de assunto completamente inverso. Eu gostaria que o assunto retornasse a denominação de rua.

 

O SR. PRESIDENTE: Registrada a sua Questão de Ordem.

 

O SR. CYRO MARTINI: Muito obrigado pela atenção dos Senhores.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo Vereador inscrito é o Ver. Vicente Dutra, que está com a palavra.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, acompanhando os debates desta tarde, desejava fazer um aparte ao Ver. Dilamar Machado e até agradeço o pronto atendimento a nossa reivindicação, mas vendo que tinha outros Vereadores pedindo apartes deixei para fazer o meu pronunciamento da tribuna.

O grande Mozar Pereira Soares, acho que conhecido de todos nessa Casa, homem até com quem não comungo ideologicamente, seu partido é diverso do meu, mas pelo qual nutro um grande respeito e admiração e nos une uma profunda e sincera amizade há muitos anos, Mozar Pereira Soares uma vez me disse: “Olha, vocês políticos, vocês têm de procurar destacar, porque a humanidade tem necessidade desses homens que são os sábios, os heróis e os mártires.” Aquilo me calou fundo porque é uma reflexão que merece algum tempo para se ver a profundidade do que quis dizer Mozar Pereira Soares. Procurem destacar porque a humanidade, os homens têm necessidade desses parâmetros: sábios, heróis, mártires.

Ora, as vítimas de trânsito são os mártires do Século XX, de hoje, são os mártires deste Século. São mártires dessa corrida desenfreada que impôs o nosso progressismo para chegar mais rápido a um determinado lugar. Não sei o porquê dessa rapidez.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sou obrigado, com todo o respeito, a apartear V. Exª porque se existem mártires neste País, o mártir é aquele que morre condicionado a uma causa justa. Mas, se existem mártires neste País são as milhões de crianças pelas quais o Governo não vela e que morrem de fome e de subnutrição nesse País e que a nossa hipocrisia, seguidamente, nos tira as vistas dessa fenomenologia tão degradante para todos nós e até os dias de hoje, já que se fala tanto em vila, tanto em mártires, tanto em povo, não vi um Vereador apresentar um Projeto de Lei em favor de uma criança que morreu de fome neste País, para deixar, prezado colega, as coisas bem claras, como elas devem sempre ser.

 

O SR. VICENTE DUTRA: V. Exª tem, regimentalmente, constitucionalmente e organicamente, todas as atribuições para apresentar o respectivo projeto, e tenho a certeza de que terá o apoio dos demais 32 Vereadores desta Casa. V. Exª corrija. É um símbolo, V. Exª pegue uma dessas crianças que tenha certeza de que tenha morrido de fome, mal atendida. Tem uma agora de quem o Ver. Edi Morelli falará daqui a pouco, que morreu, V. Exª pegue e apresente como símbolo. A humanidade precisa, tem necessidade destes símbolos. E foi muito feliz o Ver. Artur Zanella, não vamos discutir filho de quem é a criança, mas são crianças vítimas do tecnicismo, desse progressismo inconseqüente, esta corrida que o trânsito impõe a nós todos no dia de hoje.

Vejo aqui, sentado, o Clóvis que foi vítima de um acidente de trânsito e só ficou com sua família por um milagre, e sofre a sua esposa até hoje as conseqüências desta tragédia. E quantos poderíamos relatar aqui, acidentes que envolveram nossas famílias e pessoas conhecidas. Quantas e quantas vezes fui a cemitérios, carregar alça de caixão de filhos de amigos mortos neste campo de batalha que são as vias públicas deste País, campeão mundial de mortos em acidentes de trânsito.

Então, V. Exª dê apoio a este Projeto que está apoiando uma causa justa, que é destacar este genocídio que ocorre em nossas estradas diariamente, que se repete de modo contínuo e macabro. E inconseqüente. E temos que de uma forma ou outra fazer parar, custe o que custar.

Ainda há vinte dias atrás este Plenário foi privado de uma figura querida na Casa, que era o Sr. Gregório, que nos servia o cafezinho. Ele perdeu a vida aqui, como bem diz a doutrina, no trabalho, porque se dirigia do trabalho para a sua casa. Perdeu a vida aqui na frente. Ainda foi socorrido pelo Ver. Clóvis Brum, que não o reconheceu na hora, tal a rapidez e porque já era noite. Seu Gregório que era sempre solícito, com um sorriso nos lábios, perdeu a vida aqui na frente da Câmara. Mais uma das vítimas que se fazia presente aqui no Plenário e que nos deixou. Vítima desta guerra. Eu, quando trato de acidente de trânsito sempre me emociono, principalmente quando se trata de criança. Foram tantas. Quem faz vida pública se depara a todo momento com episódios, com velórios, enterros de crianças que são levadas desta vida para outra sem saber nem por que, ao atravessar uma rua, ao atravessar um parque, brincando, deixando esta vida e suas famílias enlutadas.

Aqui me recordo, Ver. Omar Ferri, do grande Chico Buarque de Holanda, com o qual posso discordar ideologicamente, mas é sem dúvida o maior compositor de todos os tempos da música popular brasileira. Na música, “Pedaço de Mim”, que ele canta junto com Zizi Possi, faz exaltação da saudade, quem quer saber a definição da palavra saudade, escute a música. Tem um trecho que diz: “a saudade é o revés do parto, a saudade, é arrumar o quarto do filho que já morreu”. Coisa fantástica, só o Chico Buarque para perceber toda a emoção de uma mãe, arrumando o quarto de um filho que já morreu. Isso se repete neste Brasil por diversas vezes. Então, temos que usar a força que temos aqui, a Lei, o Projeto de Lei para denominar rua é um dos instrumentos que temos para clamar contra esta violência.

Então, é oportuna a lembrança do Ver. Artur Zanella em propor e denominação de uma rua para um caso desses, dentre as centenas que ocorrem. Este Vereador apresentou na legislatura retrasada um Projeto de Lei colocando quebra-molas em frente às escolas, parques, com o objetivo de que os carros parassem, por que às vezes o motorista está desatento. A sinaleira não pára um carro, ela avisa que ele deve parar. Então, o sistema de quebra-molas com sinalizador, ele, realmente, faz com que chame atenção daquele motorista, muitas vezes desatento, não que seja um criminoso em potencial, para parar e, com isso, salvar quantas e quantas vidas de crianças, principalmente, na Cidade.

Vejo com satisfação que, nesta Casa, além do meu Projeto, tem dois Substitutivos, um do Ver. Cyro Martini, que é um grande especialista da matéria, e outro de autoria do Ver. Edi Morelli. Os dois Substitutivos ao meu Projeto estão tramitando, um deles certamente será aprovado para permitir que pelos menos em frente às escolas, em frente aos parques, aos hospitais, asilos, ali o carro realmente pare, porque é um sinalizador indicando que deve parar, não apenas uma sinaleira que, hoje, está desmoralizada.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço nobre Vereador e quero lembrar a V. Exª que eu tive a oportunidade, lamentavelmente, digo, de assistir ao acidente, com todo respeito, do nosso colega, o Boca. Nós que atendemos aquele acidente, pois foram diversas pessoas da vizinhança, tínhamos quase a certeza de que, pelo menos, três pessoas tinham morrido naquele acidente, pois o acidente foi terrível. Mas, graças a Deus, nosso companheiro está aqui vivo e eu digo sempre para ele: Boca, nunca te esqueças, agradece a Deus, diariamente.

 

O Sr. Elói Guimarães: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, nós tivemos a oportunidade de implantar e desenvolver, quando Secretário dos Transportes, os quebra-molas em Porto Alegre. Colocamos o primeiro na Av. Beira-Rio, quando houve aquele lamentável acidente com um menor da Escola Maria Imaculada.

 

O SR. VICENTE DUTRA: Eu o cumprimento por esta iniciativa, Ver. Elói Guimarães. E com o Projeto de Lei nós vamos estender esta iniciativa feliz de V. Exª a todas as escolas que necessitarem, evidentemente, de quebra-molas. É claro que uma escola que funcione num bairro onde não há um trânsito intenso de veículos não haverá necessidade de quebra-molas. Mas aquela que funciona numa avenida, não importa que avenida seja, ali haverá um quebra-molas. Por que o motorista tem que ter a preferência? O motorista está sentado, dentro do carro, ouvindo música, e o pedestre que se dane? Não, vamos fazer o carro parar! O carro não vai dominar o homem, o inverso é que é verdadeiro.

Por isso, apóio este Projeto, porque destaca as pequenas vítimas, os mártires do século XX, que são vítimas do trânsito deste mundo desenfreado, e que nós temos, de uma forma ou de outra, e, hoje, através deste Projeto de Lei, que destacar para chamar a atenção para esses heróis, esses mártires. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João Dib.

 

O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, tenho certeza de que o Projeto em discussão será aprovado por unanimidade nesta Casa. Nenhum Vereador disse que votaria contra; o Ver. Omar Ferri colocou a sua posição contrária ao tipo de Projeto. O Ver. João Dib disse a mesma coisa, e até falou em se abster de votar, mas vai votar favoravelmente, como tenho certeza de que o Ver. Ferri fará o mesmo.

Mas, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, esta discussão teve um mérito muito grande, até para se saber o que é emérito, e eu havia pedido que o Ver. Wilson Santos tivesse aqui, antes, quando se falava em futebol, ao invés de discutir o Projeto em Pauta, porque tentei relacionar uma iniciativa desta Casa, em homenagear alguém, se estamos falando em homenagem, vale como recurso de oratória, recurso de lógica, a utilização de um exemplo. O nobre Vereador Zanella trouxe ao conhecimento da Casa um Projeto de autoria do ex-Prefeito Alceu de Deus Collares, denominando uma praça com o nome de uma jovem de 15 anos, jovem de 15 anos, que até existe ali uma biografia, relação de serviços prestados à Cidade, em que a coletividade onde ela vivia, pedia que ela fosse homenageada, porque ela fazia uma série de serviços vinculados à natureza, e no caso do Projeto em Pauta, que vai ser aprovado por unanimidade, houve alma na elaboração, houve coração na usa elaboração, houve cérebro na sua elaboração? Não, não e não! Porque todo o Projeto de Lei que denomina uma rua ou um logradouro público de a, b, c, d, x, y, z, abaixo da denominação irá a razão da homenagem. E este Projeto de Lei, sem alma, sem cérebro, sem coração, não diz isto, e o que a posteridade, o que os nossos jovens dirão amanhã? Quem era o Tarso Galvão Bueno, o que ele fez? Toda as nossas ruas, abaixo da homenagem, se diz a razão da homenagem. No caso, não. Houve a pressa de homenagear. E é por isso que eu disse que nós temos que ter muito mais cuidado nas homenagens que nós propusermos. E este assunto, este jovem, este debate passa a prestar um serviço a esta Cidade neste momento, se outro já não tivesse prestado. Passa a prestar um serviço à Cidade quando obriga a Casa a debater.

 

O Sr. Wilson Santos: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que o tema é extremamente importante. Nós estamos debatendo já há bastante tempo. Eu quero só colaborar. Então, se faltou o motivo da homenagem, eu acho que não cabe a culpa tão-somente ao votar do Projeto de Lei, porque o Projeto de Lei – como nós sabemos – corre Pauta por três Sessões e para permitir que os Vereadores mais atentos, os Vereadores que querem colaborar, contestem, discutam, então, eu acredito que nós chegamos a este epílogo, chegamos ao momento de uma votação sem que ninguém tivesse o cuidado, e aí eu me incluo também, de contestar, de tentar aperfeiçoar, de questionar, de perguntar o motivo para que conste na placa. Eu também acho procedente a sua colocação, mas faço questão de grifar isto, porque nós vamos ter nesta Legislatura quatro anos de convívio, eu acho que o interesse de todos é acertar. Eu acho que não ter coração, não ter alma, eu acho que todos nós quando o Projeto chega na fase final, desta matéria, de uma forma ou de outra, nós todos falhamos.

 

O SR. JOÃO DIB: Eu não estou exatamente de acordo com V. Exª, porque eu votei e votei com restrição na Comissão e confesso a V. Exª que é muito importante o debate havido aqui hoje porque vai-nos colocar frente a frente com outros projetos de lei semelhantes e que vão ser muito mais pensados, até na apresentação, porque, na realidade, a família deste menino não pediu para homenagear este menino. Tenho absoluta certeza que não. Claro que não. Eu sei que foi a sensibilidade do Ver. Zanella que fez isso aí, mas houve pressa e pressa nossa de aprovar, sem dúvida nenhuma, o Vereadores colocou muito bem.

Quero dizer que vou votar favoravelmente, acho que ninguém votará contrariamente, não há a preocupação do Ver. Elói Guimarães de que a Câmara ficaria muito mal se negasse, mas eu quero dizer que nós como representantes do povo temos que ter a coragem de negar, é importante ter a coragem para negar, quando for necessário se negar, que se negue! Não é o caso aqui, mas haverá oportunidades que nós teremos que negar e vamos negar com a tranqüilidade de quem tem consciência e sabe o que faz.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Prezado e digno Ver. João Dib, eu não vou votar contra, mas também não vou votar a favor. Simplesmente vou-me abster de votar porque não quero me comprometer com este Projeto de Lei. Era este o esclarecimento e agradeço a oportunidade que V. Exª me prestou para transmitir à Casa.

 

O SR. JOÃO DIB: Mas volto a dizer que é extremamente importante, uma Casa que negou a Mário Quintana a oportunidade de ser analisado o título de Cidadão Emérito e disse o Ver. Zanella que a Auditoria da Casa diz que por uma questão de precedência, hierarquia, que o título de cidadão de Porto Alegre era maior do que o título de Cidadão Emérito. Bom, é o posicionamento da Auditoria que não corresponde ao meu posicionamento, que não corresponde ao dicionário do Aurélio.

 

O Sr. Omar Ferri: Acho que aí está havendo uma confusão, não há nenhuma diferença. É que quando a Lei estabeleceu que se concederá o título de Cidadão de Porto Alegre a alguém, no enunciado e num artigo anterior a Lei diz mais ou menos o seguinte: se concederá o título emérito... É a mesma coisa, o emérito este, desaparece. Na realidade, quando se concede o título, se concede o título de Cidadão de Porto Alegre a alguém, então o título é emérito conforme estabelecido em Lei.

 

O SR. JOÃO DIB: Bem, mas o título de Cidadão de Porto Alegre poderá ser dado a uma Margot Fontaine, que recebeu o título de Cidadã Emérita de Porto Alegre e nunca veio buscar a medalha que era de ouro, na época, hoje não é mais, mas a medalha para ela era de ouro. Ela não veio nem buscar. Outras pessoas que nunca estiveram em Porto Alegre também receberam o título de Cidadão de Porto Alegre. Agora, emérito é aquele que é jubilado, que é muito versado em uma arte, ou ciência, é um sábio, é um insigne. Então ele pode receber o título de Cidadão de Porto Alegre por um ato de bravura, mas ele poderá ser Cidadão de Porto Alegre e mais do que ser Cidadão de Porto Alegre é ser Cidadão Emérito de Porto Alegre. É muito mais, ele terá que ter se destacado na arte, na ciência, ser um sábio, e ele poderá ser um analfabeto e receber o título de Cidadão de Porto Alegre merecidamente, por um gesto de grandeza, por um gesto de nobreza, por salvar uma família inteira, por qualquer coisa dessa, por um gesto de heroísmo até.

Então, fica claro, muito claro que o debate de hoje, aparentemente cansativo, foi válido, nós vamos pensar muito mais em homenagear e quando nós homenagearmos nós até diremos as razões da homenagem. E o diligente, inteligente, competente, sensível, Ver. Zanella, já está por certo fazendo a Emenda de Liderança para que o Projeto não seja aprovado na forma que estava sendo discutido até agora.

Cumprimentos à agilidade do Ver. Zanella que eu não esperava que fizesse de forma diferente. E cumprimentos a esta Casa porque busca soluções, e nós vamos homenagear o menino que não fez nada por esta Cidade, morreu nesta Cidade, mas há de fazer agora, quando faz com que a Câmara na votação do seu Projeto de Lei que dá o seu nome a uma rua tenha que fazer uma Emenda Regimental. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Clóvis Brum.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. João Dib expôs com clareza uma preocupação que nós, no início da tarde, já sentíamos, tento que procuramos a Diretoria Legislativa para elaborar uma Emenda. Não gostaríamos de criar transtornos ao processo de discussão e votação do Projeto, ficamos aguardando que o autor o fizesse.

Com referência aos títulos de Cidadão de Porto Alegre e de Cidadão Emérito de Porto Alegre, uma distinção que é necessária se fazer e que não é o caso do Projeto é de que o título de Cidadão de Porto Alegre é o título de cidadania que se dá a alguém que não é de Porto Alegre. Agora, quando a pessoa é da Capital, não pode receber este título porque ele já é cidadão de Porto Alegre, é natural de Porto Alegre. Então, este título de cidadania que se dá – Cidadão Emérito – é quando ele, filho de Porto Alegre, se destaca num dos ramos do saber, num dos ramos da ciência, enfim. Mas sendo filho de Porto Alegre se dá a cidadania emérita e não o sendo se dá a cidadania de Porto Alegre. Evidentemente que o processo de votação até deveria ser igual, e nesse sentido eu vou examinar a possibilidade de apresentar uma Emenda no novo Regimento Interno e, se for o caso, na Lei Orgânica, porque o cidadão que não é de Porto Alegre e que se destaca com sua vida - vamos supor, Mário Quintana -, se ele tem o título de Cidadão de Porto Alegre, evidentemente que pela forma de concessão, pela forma de tramitação deste Projeto, pela forma da votação deste Projeto, ele é mais rigoroso. É votação secreta e dois terços de votos; não é dois terços dos presentes, é dois terços da Casa votando secretamente. Então, a concessão de título de Porto Alegre, Cidadão de Porto Alegre, é uma concessão muito difícil até de passar no Plenário.

 

O Sr. Luiz Braz: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Clóvis Brum, essa discussão traz neste exato instante e acredito até que uma outra contribuição. Quando nós votamos aqui no Plenário títulos de Cidadão Emérito e título de Cidadão de Porto Alegre, nós não levamos em consideração, ou pelo menos até hoje nunca soube que se levou em consideração esse detalhe que V. Exª coloca bem da tribuna, que o título de Cidadão Emérito teria que ser dado para alguém nascido em Porto Alegre, mas que tivesse se destacado em algum rumo do saber. E o título de Cidadão dado para alguém de fora de Porto Alegre e que tivesse se destacado. Nós não temos levado em consideração nas votações deste Plenário, essa diferenciação que V. Exª faz da tribuna. Basta que nós vejamos os títulos votados aqui neste Plenário e V. Exª poderá observar que muitas pessoas nascidas fora de Porto Alegre receberam o título de Cidadão Emérito, contrariando o pronunciamento de V. Exª.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Rigorosamente, Ver. Luiz Braz, o título de Cidadão Emérito pode ser dado para pessoas que não nasceram em Porto Alegre, agora, não ocorre com cidadãos que nasceram em Porto Alegre, que não podem receber o título, a cidadania, porque já são cidadãos de Porto Alegre. É a cidadania da Capital que está-se oferecendo a alguém que não nasceu na Capital, e Cidadão Emérito é uma condecoração que a Casa está dando a alguém que se destacou por alguma atividade qualquer no ramo do saber.

 

O Sr. Omar Ferri: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Agradeço a oportunidade para o aparte e não quero contestar V. Exª, pode ser até que eu esteja errado, mas na Lei nº 1534, o título honorífico instituído pelo art. 1º, é título de Cidadão de Porto Alegre. Não há uma distinção. Talvez eu esteja errado, mas a Lei não faz essa distinção. A Lei só cria o título honorífico de Cidadão de Porto Alegre.

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Essa Lei refere-se à cidadania da Cidade que está-se dando a alguém que não nasceu na Cidade, por isso, é Cidadão de Porto Alegre, não é Cidadão Emérito de Porto Alegre. Este é o caso de cidadão de Porto Alegre. Cidadão Emérito é um título, sim, hierarquicamente menor, evidentemente, tanto que se pode dar para cidadão nascido em Porto Alegre como para não-nascido em Porto Alegre, mas que se destacou por uma determinada atividade na Cidade.

Mas vamos ao Projeto em discussão, do Ver. Artur Zanella, após essa contribuição, que assim entendi, sobre esse assunto. Eu sou forçado a discordar do Ver. João Dib quanto à sua expressão que diz que esse Projeto não tem alma e não tem coração. Eu acho que esse Projeto tem alma, sim, tem coração, sim. A existência dele está baseada exatamente no coração e na alma. Pode não estar consolidado em alguns detalhes que deveriam ter sido observados para que alguém fosse homenageado. Pode ter faltado no Projeto alguma frase que simbolizasse o que a Casa está fazendo hoje. A Casa está homenageando quem e por quê? A Casa está homenageando uma criança porque considera essa criança mais uma vítima do trânsito violento da Região Metropolitana. Essa frase faltava! Agora, é do coração? Evidentemente que é do coração!

Eu diria mais, Sr. Presidente. Assistindo às comemorações do Dia das Mães, em Porto Alegre, nota-se que na cidade grande é diferente do que se faz na cidade pequena. Na cidade pequena a comunidade é mais fraterna, é mais humana; na cidade grande, até pelo volume do dia a dia das nossas atividades, não se permite esse gesto. Acho que o Projeto do Ver. Artur Zanella veio em excelente oportunidade, veio na hora exata. Eu preferia, Sr. Presidente, que essa discussão se desse dentro do espírito proposto, o espírito proposto foi fraternidade, foi amor, foi coração, foi alma e, nesse sentido, não se deu a discussão. A frase para completar o Projeto, o próprio Ver. João Dib, atilado, competente, experiente, poderia ter apresentado, em forma de emenda, quando passou pela sua Comissão.

Agora, rigorosamente, esse Projeto traz à Casa o quê? Uma demonstração clara de que muitos homens que compõem o Legislativo de Porto Alegre ainda não perderam a centelha divina que trouxeram de origem. Esse é o laço importante entre o homem, o Vereador e o seu Deus! Acho que o Ver. Artur Zanella teve a coragem que, muitas vezes, mesquinhamente, nós não temos. Acho que o Ver. Artur Zanella, numa hora certa, restaurou o lado humano, o lado cristão. Nós temos vergonha, muitas vezes, de chorar, temos vergonha de dizer que amamos alguém, temos vergonha de dizer que somos humanos porque estamos na cidade grande, porque achamos isso feio. Por isso, Ver. Artur Zanella, o mérito da tarde indiscutivelmente é de V. Exª, que trouxe um projeto humano, sim, do coração, sim, da consciência fraterna, sim.

Ora, Sr. Presidente, quem é que perde um filho na idade deste menino que não recebe, através de uma manifestação como a desta Casa, um gesto de fraternidade, uma mão estendida. Esta Casa hoje tomou uma iniciativa relativamente pioneira. Eu gostaria de ver mais projetos desses para poder, não só votar favorável, como também encaminhar e defender favoravelmente.

Concluída a minha palavra, espero, tão-somente, a emenda que já deu entrada na Mesa para poder votar alegremente a favor deste Projeto e, com isso, a Câmara de Porto Alegre estará humanamente estendendo a sua mão a uma família que perdeu um filho nas condições desse menino. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa acaba de receber uma Emenda do Ver. Artur Zanella.

Pediria ao 2º Secretário que a leia.

 

O SR. 2º SECRETÁRIO: (Lê.):

“Emenda nº 01

Acrescente-se como artigo 2º, remunerando-se os demais, no PLL nº 16/89, o seguinte artigo:

“Art. 2º - A placa da rua constará a seguinte expressão:

“Mais uma vítima no trânsito”.

(a)    Ver. Artur Zanella.”

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à leitura do Parecer à Emenda do Ver. Artur Zanella.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.):

“Parecer à Emenda nº 01

A presente emenda complementa e aumenta os méritos do Projeto na medida em que traduz o espírito que a Casa quer dar ao mesmo.

Pela aprovação.

Sala da Comissão, 15 de maio de 1989.

(a)    Ver. Wilton Araújo – Relator.

 

Aprovado pela Comissão em 15.05.1989.”

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação. A palavra com o Ver. Adroaldo Corrêa, que encaminha o PLL nº 016/89.

 

O SR. ADROALDO CORRÊA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Partido dos Trabalhadores quer fazer o registro de que vai encaminhar pela abstenção e também quer fazer o registro de que, em relação aos argumentos pessoais e públicos do Ver. Artur Zanella, não tem qualquer restrição. O Projeto tem mérito. Quer fazer o registro, também, de que encontra mérito a Bancada do PT nas argumentações do Ver. Omar Ferri em função de que a matéria propicia os argumentos aqui levantados.

Em terceiro lugar, quero fazer o registro de que em relação às mortes, principalmente as mortes de crianças até um ano de idade, da população brasileira, em função da fome, quero lembrar que existe um poema chamado a “Bomba suja”, de Ferreira Goulart, que trata da questão e deve ser por nós difundido e largamente reproduzido, na medida em que ali estão, com maestria e com verdadeiro amor pelas crianças, expostas as razões da morte por inanição, por diarréia, no primeiro ano de idade, de milhões de crianças neste País. Eu pessoalmente queria fazer um registro de que quando eu tinha 14 anos, aqui estudando no Julinho, um colega meu avançou por detrás do ônibus e foi morto num acidente de trânsito. Chamava-se Daniel o colega, quando supostamente se pensava que o tráfego estava interditado aos veículos. E os acidentes acontecem aos milhares por ano. O registro pode ser válido, mas o registro teria que ser diário.

Então, ao nosso ver, o debate é fértil e permite que se trabalhe na Casa, na forma de proceder, talvez diferenciadamente, em relação à nominação de logradouros e em relação, principalmente, ao registro de fatalidade, que retirem dos lares crianças na tenra idade, jovens, velhos que sejam, pela fatalidade do acidente de trânsito, que se formos examinar não é às vezes tão fatal, assim por acaso, ocorre por razões bem objetivas do condutor, da sinalização, do tráfego conturbado que torna este País o campeão dos acidentes de trânsito do mundo inteiro e de mortes por acidentes de trânsito.

As razões, de ambos os lados, que se feriram nesta tribuna a respeito do Projeto não nos permitiram, apesar de encontrar mérito, votar favorável ou contra a matéria. Nós encaminharemos pela abstenção.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Próximo orador, Ver. Luiz Braz. V. Exª tem cinco minutos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, aproveitando o fato de estarmos nesse lapso de tempo onde se colhem as assinaturas à Emenda apresentada pelo Ver. Artur Zanella nós queremos, pela Bancada do PTB, encaminhar o nosso voto favorável ao Projeto e, lembrando ao Ver. Adroaldo Corrêa que as crianças, Ver. Adroaldo, são todas elas iguais. V. Exª coloca o poema do Ferreira Goulart, que diz das crianças que morrem de inanição, que fala sobre as crianças pobres; mas as crianças são absolutamente iguais. Quem faz as crianças diferentes é a maldade do adulto. Nós, adultos, com o nosso egoísmo, com a nossa vaidade, com a nossa vilania, a nossa torpeza é que fazemos as crianças desiguais, porque nós fazemos o mundo dos desiguais.

Essa criança que morreu, filha de um industrial da Cidade, de um homem de comércio de nossa Cidade, ela não tem culpa de ter nascido na família em que nasceu. Ela é uma criança e tem que ser analisada como uma criança. Ela não é diferente de todas as crianças pobres que morrem de inanição em nossa Cidade, as quais V. Exª tem razão, têm que ser reverenciadas todos os dias, todos os dias nós temos que nos lembrar delas para que nós possamos, aqui, como legisladores desse País, tentar uma ação no sentido de modificar este mundo; modificar as coisas que acontecem por aqui. Temos condições de modificar, temos condições de mudar este quadro, o que nós podemos fazer é muito pouco, talvez esta ação do Ver. Artur Zanella, chamando a atenção sobre a violência do trânsito em nossa Cidade, uma violência que ceifou uma vida e a dor que sentiu essa família, Ver. João Dib, é a mesma dor que sente também, uma família pobre, porque a morte iguala as pessoas. Inclusive, lembro, Ver. Omar Ferri, que foi exatamente após a Primeira Grande Guerra Mundial que os homens chegaram a essa compreensão de que eles eram exatamente iguais na morte. Foi exatamente na Primeira Grande Guerra Mundial, porque foi após a Primeira Grande Guerra, no Tratado de Versalhes, que pela primeira vez se tratou com sinceridade esse tema.

 

O Sr. Omar Ferri: O que interessa é ser igual na vida e quem diz isto é o Estatuto dos Direitos Humanos.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Por isso que digo que os argumentos trazidos pela Bancada do PT para não votar este Projeto do Ver. Artur Zanella foram argumentos que não convenceram. O não votar é como se estivessem contrariamente ao nomes deste pequeno Tarso Bueno Filho, que morreu na violência do trânsito nesta Cidade.

Digo aos companheiros Vereadores da Bancada do PT, ao Ver. Omar Ferri, que já se manifestou não favorável ao Projeto de Lei do Ver. Artur Zanella, que este posicionamento não vai trazer nenhum bem a este Plenário, este posicionamento, ao invés de causar algum bem, vai causar mal. Porque vai trazer novamente a dor para o seio daquela família. Este posicionamento está fazendo com que aquela família possa reviver um pedaço daquela dor vivida quando da morte do pequeno Tarso.

É por isso que nós, da Bancada do PTB, aceitamos os argumentos do Ver. Artur Zanella de que esta morte, como todas as outras mortes também poderiam servir como símbolo contra violência que se instalou no trânsito nesta Cidade. E tem que ser chamada a atenção. E este foi o modo que o legislador encontrou para poder chamar a atenção sobre a violência no trânsito. No pouco que podemos legislar, no pouco que podemos incluir para modificar as estruturas, não apenas da Cidade, mas do País, este talvez seja um pequeno ato, mas um ato que acredito que todos nós, pela sensibilidade que temos, poderíamos aceitar como válido. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Para encaminhar, com a palavra, o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, até para que dê tempo de chegar o Ver. Dilamar Machado e também que se dê o Parecer na Emenda eu queria dizer que hoje foi um dos dias mais alegres que tive nesta Câmara e um dos mais tristes. Eu até me penitencio por ter pedido ao Sr. Presidente para ter feito a inversão. Imaginava que o Projeto seria aprovado sem discussão. Eu votei nesta Casa, por exemplo, a Praça Sandino. Ideologicamente, nada comigo. Para Porto Alegre, que eu saiba, também nada. E nós aprovamos, fizemos uma sessão especial para aprovar o nome desta Praça, porque vinha um representante da Nicarágua e nós queríamos condições para votar na presença do mesmo, para que esse representante pudesse colocar na praça um ramo de flores. Quando um Presidente, um Embaixador qualquer vai a um país manda a regra que ele coloque um ramo de flores no túmulo do soldado desconhecido. Ele não está ali homenageando a guerra, ele está homenageando uma pessoa que morreu.

Hoje vim a esta Casa, estou com o recorte aqui, ia pedir que o Sr. Presidente nomeasse uma comissão para acompanhar a questão do julgamento do negro Edu, que foi condenado a dez anos de prisão. Ele foi suplente nesta Casa: Edílio Macedo, lá do Campo da Tuca, amigo meu e do Back. Ia pedir que a Casa acompanhasse, Sr. Presidente, o julgamento do matador do “Bagé”, que não ganhou rua e eu vou fazer um Projeto de Lei para dar um nome de rua para o “Bagé”.

E nós estamos vendo qual a melhor forma, numa Comissão Especial ou numa Comissão Regimental, de como acompanhar o problema que está ocorrendo nas creches da Vila Restinga. Nós vamos fazer a comissão da melhor maneira.

E também pensamos naqueles que têm problemas. Quando morreram 54 pessoas naquele Bateau Mouche, no Rio de Janeiro, naquele fim de ano morreram mais pessoas assassinadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro do que aqueles que faleceram. E eu vejo o Ver. Adroaldo Corrêa dizendo que acidentes ocorrem aos milhares todos os anos. Ocorrem, Vereador, e sempre se disse que nós damos mais importância à morte de um vizinho do que um navio que afunda na Índia, por exemplo.

Mas é uma sensação, também, de alegria ao ver que grande parte, e espero que seja a maioria dos Vereadores, aqui, entendeu a intenção. Eu estava preocupado, Ver. Adroaldo Corrêa, porque me disseram que a Bancada do PT ia negar isso, porque o pai do menino que morreu era proprietário de uma imobiliária, seria, assim, um especulador. Vejo que me enganei e com alegria, porque eu achava que, se isso ocorresse, era o final de um tipo de votação. Vejo que me enganei. E seria uma coisa muito triste se alguém fosse punido pela profissão de seu pai. Imaginação fértil, talvez, de quem me disse isso. Vejo que o objetivo da Bancada do PT foi outro, não foi aquele que nos fez votar uma série de projetos, que nos fez votar sessões, com as quais ideologicamente não concordávamos, mas que apoiávamos, e sempre apoiaremos, para que esta Casa possa se expressar claramente, em qualquer circunstância.

Encerro, Sr. Presidente, dizendo e reafirmando que este Projeto tem alma, Ver. João Dib, que este Projeto tem coração, e que este Projeto veio no dia em que vi, no jornal, a fotografia desse menino, um ano após a sua morte, em que a sua família pedia que não o esquecessem, não o esquecessem como filho, e eu quis ampliar um pouco, para que não o esquecessem como uma pessoa que morreu, injusta e barbaramente, em acidente de trânsito. Como aquela menina que morreu, lá no Colégio Imaculada, e tenho certeza, muito poucos dos senhores sabem o nome dela. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Encerrados os encaminhamentos. Vamos passar para o período de votação. Vota-se primeiro o Projeto, depois a Emenda.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Peço a palavra, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: V. Exª está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Requeiro que o Projeto em tela tenha a sua votação nominal.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 19 Srs. Vereadores votaram SIM e 05 Srs. Vereadores optaram pela  ABSTENÇÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PLL nº 016/89.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Wilson Santos, Wilton Araújo, Heriberto Back e Vicente Dutra. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Décio Schauren, Giovani Gregol, Omar Ferri, Adroaldo Corrêa e José Valdir.)

 

O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário que proceda à chamada nominal dos Srs. Vereadores para a votação da Emenda ao PLL nº 016/89.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Procede à chamada e colhe os votos dos Srs. Vereadores.) Sr. Presidente, 20 Srs. Vereadores votaram SIM e 05 Srs. Vereadores optaram pela  ABSTENÇÃO.

 

O SR. PRESIDENTE: APROVADA a Emenda ao PLL nº 016/89.

 

(Votaram SIM os Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Isaac Ainhorn, João Dib, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz Braz, Luiz Machado, Mano José, Wilson Santos, Wilton Araújo, Heriberto Back, Vicente Dutra e Vieira da Cunha. ABSTIVERAM-SE de votar os Vereadores Décio Schauren, Giovani Gregol, Omar Ferri, Adroaldo Corrêa e José Valdir.)

 

O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Artur Zanella, solicitando seja o PLL nº 016/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 1348/88 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 040/88, que autoriza a doação de bens patrimoniais móveis inservíveis ao serviço do Município ou obsoleto e sucatas em geral.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição;

- da CFO. Relator Ver. Vieira da Cunha: pela rejeição.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 040/88. Para discutir está com a palavra o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a discussão – e não me lembro qual o Vereador que dizia sempre – depois dos Pareceres das Comissões a discussão é despicienda. Era o Ver. Hermes Dutra que usava o termo “despicienda”. O Ver. Luiz Braz, como Relator, magistralmente colocou que a legislação já determina como deva ser feita esta transferência que é por licitação. E o Ver. Vieira da Cunha também magistralmente diz que existe um obstáculo intransponível à lei, que é a Lei Orgânica do Município. Então a discussão não cabe neste exato momento. Uma Lei Ordinária não pode alterar a Lei Orgânica; logo, o Projeto só pode ter um caminho, que é a sua rejeição. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Não há mais quem queira discutir. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 040/88 permaneçam sentados. (Pausa.) REJEITADO.

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 0741/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 009/89, que altera anexos da Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988, e dá outras providências.

 

Pareceres:

- da CJR. Relator Ver. Omar Ferri: pela aprovação;

- da CUTHAB. Relator Ver. Wilton Araújo: pela aprovação.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLE nº 009/89. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam o PLE nº 009/89 permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Sobre a mesa, Requerimento, de autoria do Ver. Décio Schauren, solicitando seja o PLE nº 009/89 dispensado de distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

O SR. ARTUR ZANELLA (Requerimento): Sr. Presidente, não sei sobre a regimentalidade deste meu Requerimento mas, tendo em vista esses dois fatos que citei da tribuna, o julgamento, amanhã, do matador do ex-Vereador “Bagé” e a condenação – que li no jornal – de uma pessoa que não foi Vereador, mas que foi candidato, logo, é Suplente, o Edílio Macedo, o Edu, gostaria que a Mesa ou a Comissão de Justiça designasse pessoas que acompanhassem esses fatos para que esses companheiros tenham a assistência que merecem. Muito obrigado.

 

O SR. PRESIDENTE: Está registrado seu Requerimento e vamos encaminhar o pedido de V. Exª à Auditoria da Casa e, de imediato, à Comissão de Justiça.

Sobre a mesa vários Requerimentos para serem votados. Solicito que o Sr. Secretário proceda à leitura dos mesmos.

 

O SR. SECRETÁRIO: (Lê.): do Ver. Artur Zanella, de Voto de Congratulações com Maria de Lourdes Lessa, pelo destaque da disputa do 39º Campeonato Aberto de Porto Alegre Country Club, Chase Classic; do Ver. Dilamar Machado, solicitando que os Projetos de Lei do Executivo nºs 15; 16/89 sejam considerados em regime de urgência e submetidos à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação; de Finanças e Orçamento e de Urbanização, Transportes e Habitação; solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 14/89 seja considerado em regime de urgência e submetido à reunião conjunta das Comissões de Justiça e Redação, de Finanças e Orçamento; de Urbanização, Transportes e Habitação e de Saúde e Meio Ambiente; do Ver. Vicente Dutra, de Votos de Congratulações com o Clube de Mães 14 de Maio; com o 11º Batalhão de Polícia Militar de Porto Alegre, pela passagem de seus aniversários; do Ver. Valdir Fraga, de Voto de Congratulações com o Clube de Mães Dr. Oscar Tollens, pela passagem de seu Jubileu de Prata.

 

O SR. PRESIDENTE: Em votação os Requerimentos ora apregoados. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que os aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADOS.

A seguir, passaremos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Com a palavra, o Ver. Décio Schauren.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, no dia dois do corrente, uma poderosa bomba destruiu o Memorial aos Trabalhadores de Volta Redonda, mortos pelas tropas do Exército, na greve da Cia. Siderúrgica Nacional em 9 de novembro de 1988. O Memorial havia sido inaugurado no dia 1º de maio, com a presença de mais de dez mil trabalhadores. Esse atentado terrorista é uma clara provocação e uma intimidação contra os trabalhadores do Brasil inteiro que ousaram avançar na luta contra o arrocho salarial. Aconteceu na cidade-símbolo da luta operária: Volta Redonda! O povo já havia julgado a chacina feita pelas tropas do Exército contra os operários indefesos da Cia. Siderúrgica Nacional quando elegeu, com uma avalanche de votos, Juarez Antunes, que foi líder daquela greve. Posteriormente Juarez Antunes morreu em acidente de automóvel em circunstâncias que, até hoje, não foram esclarecidas.

Na semana anterior à inauguração do Memorial de Volta Redonda, aconteceu um fato que só acontece num país onde campeia a impunidade, nada mais nada menos do que o General que comandou aquela invasão e que, em última instância, foi o responsável por aquelas mortes, foi elogiado e foi promovido pelo Ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves a Chefe Militar do Leste.

A bomba de Volta Redonda não foi uma bomba qualquer, o seu potencial destruidor foi tão violento que derrubou o memorial de 11 toneladas de concreto e ferro, arrancou do chão uma bomba de gasolina que ficava próxima e quebrou todos os vidros num raio de 300 metros e foi ouvida a 3 km de distância. Além desta bomba, foi encontrada outra que não explodiu e que poderia ter atingido os tanques de oxigênio da Cia. Siderúrgica Nacional e poderia ter explodido, praticamente, toda a cidade de Volta Redonda.

Conforme os peritos, foi um trabalho de profissional. Tanto a bomba que explodiu como a que ficou intacta foram fabricadas com o material que se chama Plastic C3, material de uso exclusivo das Forças Armadas. Isso significa que no Brasil uma bomba dessas só pode ser fabricada pelas Forças Armadas ou com licença das Forças Armadas. Dezenas de lideranças nacionais condenaram esse atentado, mas não houve unanimidade, um conhecido personagem, o General Nilton Cruz, ex-Comandante Militar do Planalto disse, textualmente: a explosão foi bem feita, eu aplaudo.

Mas para quem conhece o General Nilton Cruz, talvez, não estranhe o seu comportamento, mas o que nos preocupa são as palavras do Ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves. O que disse o Ministro do Exército? O Ministro do Exército reconheceu que a bomba foi da direita, mas disse que comportamentos intolerantes, como vemos em alguns segmentos que negam a obediência à lei e à ordem levam a uma contrapartida. Quer dizer, no entender do Ministro do Exército, a bomba de Volta Redonda se justifica. E isto é preocupante.

Mais uma vez, no momento em que os trabalhadores se levantavam contra o arrocho salarial e no momento em que todas as forças democráticas do país se preparam para as eleições diretas para Presidente, depois de quase trinta anos, a direita responde com bombas, a exemplo do que aconteceu no Rio-centro. Aliás, o próprio Ministro do Exército se encarregou de lembrar o caso do Rio-centro, quando respondeu irritado à pergunta de um jornalista: “Vocês não vão querer transformar isto em novo Rio-centro” – disse o Ministro aos berros. No entanto, é preciso dizer que não foi a imprensa e nem a sociedade brasileira que criou o Rio-centro; na verdade, foi um oficial e um sub-oficial que carregavam a bomba e, desastradamente, ela explodiu no colo de um oficial do Exército, no pátio, no estacionamento do Rio-centro.

O General Leônidas fala que os trabalhadores não cumprem a lei. No entanto, quem não cumpre a lei é o próprio Governo. Aliás, os operários de Volta Redonda, mortos naquela greve do ano passado, não queriam nada mais nada menos do que o cumprimento da lei, porque a Constituição que havia sido recém promulgada previa o turno de 6h para aqueles operários. No entanto, a Companhia Siderúrgica Nacional não cumpria isto. Quem não cumpre a lei, na verdade, é o próprio Governo Sarney, quando acabou com a URP e não criou nenhum outro instrumento que pudesse repor as perdas salariais dos trabalhadores. Isso deve ser dito. É um crime num país onde a inflação do ano passado chegou a 100%. Este é o maior arrocho salarial na história do país e os trabalhadores, evidentemente, não poderiam ficar parados. O Governo Federal alardeia que o Brasil é a oitava economia do mundo. No entanto, paga um salário de 33 dólares, que é igual ao salário que se paga na Uganda ou em Bangladesh.

Agora, o Presidente Sarney decretou a Medida Provisória nº 50, que nada mais faz do que proibir ao assaltado de reagir ao ladrão, como alguém já disse. É uma medida flagrantemente inconstitucional e autoritária e foi tomada sem se consultar a Ministra do Trabalho, nem os empresários e muito menos os trabalhadores. Apenas foi chamado o Consultor da República Saulo Ramos, que consultou os Ministros Militares e que acharam a medida branda demais. Os Ministros Militares querem mais repressão e aproveitaram a visita a Sarney para pedirem aumento, pasmem, os mesmos Ministros que mandam baixar a borracha nos trabalhadores quando fazem greve, pedem salários melhores.

São dois pesos e duas medidas. Isso fica claro quando o Presidente da CUT Jair Menegueli foi chamado a depor na Polícia Federal por pregar desobediência civil à Medida Provisória nº 50. Os empresários da FIESP fizeram a mesma coisa em relação à Medida Provisória nº 52 e nada aconteceu. Não foram chamados a depor na Polícia Federal.

Mas na verdade foram homens fardados que protagonizaram, no dia 4 de maio deste ano, um ato violento de desobediência civil: 350 Oficiais da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul se declararam em rebelião e invadiram o Plenário da Assembléia Legislativa de Campo Grande para pressionar os Deputados a lhes darem um aumento de 113% e não de 87 como previa o ato do Governador. E nada aconteceu!

Agora, o Governo Sarney iniciou pelo rádio e pela TV uma ampla campanha de difamação e desmoralização dos trabalhadores e de suas organizações. Sarney fala do grevismo dos trabalhadores mas esquece da barbárie e da perversidade do capitalismo com a ausência de uma lei salarial. E os trabalhadores que fazem greve são tachados de antidemocratas, de inimigos da Nação. E o que antes era dito: “tudo pelo social”, virou “tudo pela democracia”, cinicamente.

E pergunto: que democracia é esta, onde a questão social continua sendo uma questão de polícia, como na Velha República?

Pergunto: que democracia é esta, onde é assassinado um líder ecológico, como Chico Mendes ou, aliás, centenas de Chico Mendes e nada acontece?

Que democracia é esta, onde se arma uma verdadeira operação militar contra os colonos sem-terra, como em Santa Elmira?

Pergunto, ainda, que democracia é esta onde o 3º Exército esteve a ponto de proibir uma manifestação pacífica, como a Romaria do Trabalhador, a 1º de maio?

Que democracia é esta, onde os trabalhadores em greve são atacados pela Brigada Militar com balas de verdade, como aconteceu em São Bernardo há poucos dias? E até são mortos, como aconteceu no ano passado, em Volta Redonda?

E que país é este, onde existe um poder acima dos poderes constitucionais, que acha que tem a tutela da Nação?

Pergunto, ainda, existirá algum democrata que tenha coragem de ir para as ruas defender esta democracia do Sarney? Acredito que não. Mas acredito que existem milhares de democratas ou até milhões se propondo a defender a verdadeira democracia. E é o que estão fazendo milhares de entidades de trabalhadores, entidades democratas, partidos políticos, vereadores, deputados, que estão chamando o “SOS Democracia” por todo o País, para denunciar essa violência institucional e lutar contra a política de arrocho salarial, contra a Medida Provisória nº 50 e contra o salário-mínimo de fome.

Convido os Srs. Vereadores para participarem de um ato que vai acontecer na quinta-feira, dia 18, às 17 horas, na Esquina Democrática, exatamente, para levar seu SOS à população do Rio Grande do Sul.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Assunto que V. Exª levanta é de grande importância e traz preocupação para nós e para todos os homens de bom senso desta Nação Brasileira. Atentado como este de Volta Redonda, tenho certeza, outros irão acontecer e a direita é que está preparando golpes drásticos como este para atrapalhar as eleições presidenciais. Mas temos certeza de que a Nação Brasileira está de olho vivo.

 

O SR. DÉCIO SCHAUREN: Só para concluir, no vizinho país, Argentina, já aconteceram duas eleições e, no entanto, parece que aqui, no Brasil, a direita está disposta a evitar que aconteçam eleições democráticas. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Visualmente, constato que não há “quorum” para continuarmos a Sessão.

Estão encerrados os trabalhos da presente Sessão.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h13min.)

 

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